terça-feira, 15 de julho de 2008

As pequenas, grandes coisas

Nos meus tempos de adolescente, era frequente aparecerem nas mãos, nos pés e mesmo noutras partes do corpo, pequenas saliências conhecidas por cravos ou sinais, que, em muitos casos, provocavam incómodos e mal-estar. Quando espigavam, era mesmo doloroso, e, para quem os tinha no rosto, era muito aborrecido! Então nos homens, tornava-se um caso sério, porque ao rapar a barba, facilmente se cortavam, e o sangue não vedava com facilidade!
Não tenho reparado, se esses sinais ainda surgem com frequência, ou não. No meu tempo, muita gente tinha esse problema.
Dizia-se nessa altura, que os cravos apareciam, porque se contavam as estrelas do céu e, quantas mais se contassem, mais cravos apareciam! Não creio mas, uma coisa é certa: os cravos, eram uma realidade bem visível. Outra realidade era que os miúdos, a fazer contas ninguém os batia! Será que as dificuldades que se verificam na disciplina de matemática e as consequentes negas, estarão relacionadas com a não contagem das estrelas pelos jovens de hoje? (para rir!)
Antigamente nas aldeias não havia luz pública, o que tornava a noite mais escura, realçando o brilho das estrelas no céu, dando gozo olhá-las e contá-las! Era uma realidade. As várias constelações, nomeadamente a Via-Lactea ou estrada de São Tiago, distinguia-se bem, nas noites de verão! Hoje nem por isso.
A luz pública veio alterar as coisas! Dá para ver melhor a terra na noite, mas, com a claridade, as estrelas no céu quase não se vêm! Mas, mesmo que fossem bem visíveis como dantes, a canalhada de hoje, essa, nem reparava nelas, porque passam o tempo a olhar e a clicar no telemóvel, de dia e de noite, sem tempo para olhar o céu! É uma terrível doença dos tempos modernos, penso eu!
Vem a propósito, para que, se houver alguém entendido na matéria que me possa esclarecer, muito agradeço.

Vou narrar dois factos, constatados por mim.

Primeiro:

O senhor José da Devêza, meu conterrâneo, homem já dos seus setenta e tais anos, agricultor, aos sábados ia ao barbeiro, “rapar” a barba.
Este senhor, tinha três grandes cravos na cara, tornando-se muito difícil ao barbeiro cortar-lhe a barba, sem tocar nos cravos com a navalha e o pôr a sangrar, o que se tornava muito aborrecido, porque o sangue dos cravos, era difícil de vedar!
Por três vezes, foi ele ao Hospital de São Marcos de Braga "queima-los", mas voltavam a crescer.
Um dia, o barbeiro diz-lhe: - Senhor José: porque não reza ao São Bentinho, para lhe tirar os cravos? O homem responde: -ora , ora! Achas que o São Bento está agora para ouvir este velho? Ele não perde tempo comigo! Diz-lhe o barbeiro: -peça-lhe, e depois mo dirá!
Aceitou o conselho e,na verdade, passado algum tempo o senhor José, repara que já não tem os cravos! No dia de São Bento,11 de Julho, no início da tarde, vai ao barbeiro para "fazer" a barba. Todo contente, diz: -Paulino, vou ao São Bentinho! Os meus cravos já desapareceram, e foi ele quem mos tirou! Eu bem lhe dizia, -diz-lhe o barbeiro! São Bento só não atende, a quem não lhe pede!
Com a barba cortada, põe-se a caminho, muito feliz, e lá ruma ao São Bento,para lhe agradecer o milagre!
Lembro-me, como se fosse hoje!

Segundo

Quando eu era ainda muito novo, fiquei com as mãos e os pés, cheios de cravos.
A minha mãe, disse-me: -reza ao São Bentinho para te tirar esses cravos! Comecei a rezar e fiz uma promessa: se ele me tirasse os cravos, levava-lhe uma dúzia de ovos. Tempos depois, não sei explicar como, os cravos desapareceram todos!
Pensei logo no cumprimento da promessa! Nas vésperas da festa, fui pelos vizinhos pedir ovos até completar a dúzia, e no dia da festa, lá fui levá-los.
Caminhando a pé, cerca de 12 quilómetros reparei, ainda a caminho, que algum ovo teria estalado, porque a saca estava humedecida. Ao mudar a saca de uma mão para a outra, com os movimentos, era fácil que acontecesse!
Dentro da igreja, ao pé do andor, estavam vários cestos cheios de ovos e imensos ramos de cravos, que os devotos do São Bento já tinham lá deixado.
Embora eu tivesse notado a saca molhada, coloquei-a com os ovos num cesto! Cumprida a promessa,assim pensei eu, voltei para casa.
Passados uns tempos, vejo que numa das minhas mãos, tinham aparecido novamente, dois ou três cravos! Deu-me que pensar! Seria por lá ter deixado algum ovo partido? Não sei! Só sei que, já depois de ter feito a tropa, recorri novamente ao santo, e prometi que se aqueles cravos me saíssem da mão, pediria um ovo á pessoa que mais me custasse e o levaria ao São Bento. Eficaz! Os cravos saíram em poucos dias, para nunca mais os ver. Pedi um ovo como prometi, e lá fui levá-lo, cumprindo a minha promessa!

Banalidades? Se sim, porque foi então, três vezes o homem tirá-los ao hospital,e os cravos apareceram novamente? Como se explica o desaparecimento em definitivo, só com o pedido a São Bento?
No meu caso concreto, os dois ou três cravos reaparecidos na minha mão,nela estiveram durante vários anos. Quando regressei da tropa, voltei a pedir ao santo, e os cravos desapareceram para não voltarem mais!
Sou crente, e sei que Deus tudo pode! Os santos, intercedem por nós junto de Deus, e a prova é que, imensas pessoas rumam até aos santuários do São Bento da Várzea ou da Porta-Aberta! O santo é o mesmo, e venerado em muitos outros lugares espalhados por toda a terra, pois São Bento, até é, o padroeiro da Europa!
Os milagres acontecem também através doutros santos, e de modo especial, por intermédio da Mãe de Jesus e nossa Mãe! Basta dar Fátima como exemplo!


Manuel Rodrigues, Julho de 2008

2 comentários:

Anónimo disse...

Que bonito :)

Unknown disse...

A minha filha Matilde de 4 anos está cheia desses cravos começou por um dedo depois foi a mão e agora tem na testa...já fui ao medico e dizem que é preciso raspar mas que não garantem que nunca mais aparecem e que dói bastante por isso decidi não fazer isso a minha filha...eu tenho fe na nossa senhora de Fátima, será que também funcionará ? Devo rezar uma oração diferente e levar lhe um ramo de cravos ? Que posso eu fazer ?