quarta-feira, 27 de agosto de 2008

São Julião de Paços - Paróquia


-->

Nascida à sombra do Castelo de Penafiel de Bastuço, a paróquia de São Julião de Paços é hoje o resultado da fusão de São Julião de Paços com São Tomé da Serra ou São Veríssimo de Quintanela.
A documentação mais antiga sobre São Julião de Paços aparece sobretudo no Liber Fidei, estudado superiormente pelo prof. Dr. Avelino Jesus Costa que refere o primitivo nome da Paróquia que consta no Censual do séulo XI: De Sancto Juliano de Palácios (1958. 76). Liber Fidei menciona ainda São Julião de Paços em 1018, uma freguesia com história e que foi vila. (a)
Em 1045 localiza-se o lugar da Serra, da freguesia de São Julião de Paços (…) in território bracarense in villa nuncupata Quintanela ad radice montis Bastucio(…) (LF.73).
Conforme pesquisas feitas pelo Senhor Padre Doutor António Franquelim S. Neiva Soares, a freguesia de São Veríssimo de Quintanela assim denominada até 1073, em 1290, chamava-se São Veríssimo de Paços e, em 1320, São Veríssimo da Serra. Em 1372 aparece também com orago diferente: São Tomé da Serra. Desde 1442 aparece sempre anexada a S. Julião de Paços, o que implicou uma subalternização, com arruinamento progressivo da sua igreja, que veio a ser demolida em 1886 para se aproveitar a sua pedra na construção da actual
sacristia da igreja paroquial.
Em 1220, com as inquirições de Afonso II, foi denominada São Julião de Sequeira.
Sabe-se que S. Julião em termos paroquiais foi uma abadia da apresentação da mitra, no termo de Barcelos.
Desconhecemos em que fundamentos se basea J.M.Cruz Pontes, professor da Universidade de Coimbra, para afirmar que em 1290 se designava “Parrochia Sancti Johanni de Paaccos”!?
Sabemos pela tradição oral, por vestígios encontrados e conforme nos relatou o Senhor Avelino Rodrigues (“Avelino do passal”) actual proprietário duma grande parte dos terrenos do antigo passal, que ali existiu uma igreja no centro desses terrenos da paróquia e, que depois do derrube da monarquia (1910), os republicanos “progressistas”, com a conivência de alguns dos seus lacaios cá de São Julião nos roubaram esse património, uma área superior a 10 hectares de terreno de cultivo!
Não terá sido ali a igreja de que nos fala Cruz Pontes, de “Sancti Johanni de Paacos, a que se localizava nos terrenos do antigo passal?
Para além da Igreja de São Tomé da Serra e da igreja existente no centro do antigo passal da freguesia, alguém nos referiu uma igreja-capela dedicada a santa Cecília, localizada na zona das Moelas, ali no sopé do Castelo da Pena ou Penedo do Castelo. Pedras desse templo ainda por ali eram vistas há poucos anos. A imagem de Santa Cecília, já muito degradada, foi oferecida ao Senhor Padre Mário, antigo pároco da freguesia, pela casa da Fonte, de Bastuço, conforme nos contou o Senhor Costa, um dos herdeiros dessa casa.
Fala-se ainda de que no lugar de Vila Pouca havia uma capela dedicada a São Pedro, onde há pouco tempo ali foram encontradas pedras que dizem ser ruínas dessa capela. Uma linda imagem de S. Pedro, encontra-se
na igreja paroquial.
Talvez o crescimento populacional por razões de proximidade à cidade de Braga, se tivesse vindo a deslocar mais para nascente, dando origem a que a construção da igreja paroquial fosse implantada no centro já mais povoado.
Como acima se refere, a falta de culto, na igreja São Tomé da Serra, levou-a à sua ruína.
Em 26 de Março de 1979, nos terrenos onde esteve implantada a
igreja de S. Veríssimo, descobriu-se uma necrópole cristã, onde apareceu uma tampa sepulcral com uma inscrição terminada em "IN E(RA)MLXXV, equivalente a 1047. Foi trazida para junto da igreja paroquial, onde se encontra.
Na casa da Pedreira, ex-proprietária desses terrenos, existia um lindo altar e bastante valioso, que se dizia ter sido dessa igreja. A imagem de São Tomé da Serra, encontra-se na actual igreja paroquial.
A Igreja actual:
Na parte superior do arco principal, no interior da igreja, tem a data de 1779.
Pode observar-se claramente que a capela-mor, apresenta detalhes de uma construção mais rica do que na outra parte corpo do templo.
A tribuna, em talha renascensa/barroco (?), superiormente trabalhada, tem ao centro um riquíssimo trono!
Afirma-se que foi trazida do mosteiro da Senhora da Abadia por volta do ano 1775, transportada em carros puxados por várias juntas de bois e aplicada nesta igreja.
O frontal do altar-mor, em talha mais fina, dourada, é muito bonito;
O sacrário e partes laterais, foram bastante melhorados no tempo do Senhor Padre Mário, nos anos 70, altura em que também mandou fazer um altar e um ambão com linda talha do mesmo estilo.
As janelas, são adornadas com bonitas sanéfas em talha dourada;
As cornijas interiores, de pedra branca lavrada, em forma de papo de rola e meia cana.
O arco central da igreja, em pedra de galho, separa a capela-mor da outra parte do templo que, embora bastante mais amplo, é artisticamente mais pobre: tem uma cornija de madeira; os altares, adaptados, apresentam alguns bocados com talha pintada, mas com pouco gosto; as sanefas são vulgares e não têm a beleza das da capela-mor; os púlpitos, um de cada lado, embelezavam muito os lados laterais do interior da igreja. Foram dali retirados, toda a gente pergunta: porquê?! Sabemos que estão arrumados no sótão do centro paroquial, certamente sujeitos a uma maior e constante degradação! É urgente que voltem ao seu lugar, que só pode ser, em cima dos lindos suportes feitos para eles, em pedra tão bem trabalhada.(b)
Por baixo da tribuna dizia-se ser a sacristia “velha”, que passou a ser sala de arrumação, quando se construiu a sacristia actual, datada de 1867, diz-se ter sido edificada com pedras da desaparecida igreja de São Tomé da Serra.
A parte exterior da igreja tem uma frente simples, muito elegante e agradável de se ver: a porta principal é sobrepujada por um lindo frontão. Por cima tem uma janela com muita beleza! A empena da igreja é encimada por uma bonita cruz.
Até 1949 existiu um torreão com duas sineiras. O acesso aos sinos era feito por umas escadas exteriores, com um pátio a meio, onde se situava a porta de entrada para o coro da igreja.
Continuavam as escadas até aos sinos, resguardadas por grades e um portão de ferro forjado.
O torreão foi demolido em 1949, para dar lugar à nova torre, construída no tempo do Senhor padre João da Costa, pelo mestre construtor, Senhor João Morgado, do lugar do Porto de Martim.
A nova torre, de trinta metros de altura, com três pisos, está adoçada à fachada principal da igreja e foi inaugurada no ano de 1952.
Os dois sinos do antigo torreão já não existem.
Em 1962, uma faísca caiu sobre o sino grande, estalando-o, o que fez com que perdesse todo o som imperial que tinha. Foram substituídos por outros dois novos sinos, mas o toque destes, está longe de se igualar ao dos antigos.
Depois deste incidente foi colocado um pára-raios, para prevenir casos semelhantes.
A torre tem actualmente cinco sinos: dois com data de 1952, dois datados de 1962 e um com data de 1993.
A nova torre é dotada de um bom relógio mecânico de Corda, mais tarde electrificado, sinaliza as horas e as meias horas, é da autoria dum técnico da freguesia de Padim da Graça-Braga, que na mesma altura fez outro relógio do género, para a Basílica de Fátima.
(a)-O termo "vila" não tinha o sentido que se lhe atribui actualmente. Hoje uma vila terá que ser uma povoação de maior ou menor dimensão, mas com estruturas capazes até para ser concelho. Antigamente dava-se o nome de vila a uma área mais ou menos extensa de terrenos de um só proprietário.
(b)-Os púlpitos foram retirados no tempo do senhor padre Henrique, há cerca de dez anos.
 O padre Henrique paroquiou esta freguesia desde 1980 até Setembro de 2013, altura em que deixou de ser o pároco, sucedendo-lhe o senhor padre Manuel Pinheiro que entendeu, e bem, recolocar no devido lugar os púlpitos, o que veio a acontecer em Agosto do corrente ano, facto que muito alegrou a freguesia. As imagens da Santíssima Trindade também voltaram ao seu lugar, no trono da tribuna. Um bem haja ao senhor padre Pinheiro.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

São Julião de Paços - Histórico

A freguesia de São Julião de Paços, tal como hoje existe, é o resultado da sua fusão com São Tomé da Serra, também denominada de São Veríssimo de Quintanela .
Pinho Leal no seu “Portugal Antigo e Moderno”, classifica-a como “uma das mais antigas freguesias do Minho”, situada abaixo do Monte de Bastucio/Bastuço e na encosta do rio Laviorto/Labriosque.
A documentação mais antiga sobre São Julião de Paços, aparece sobretudo no Liber Fidei, estudado superiormente pelo prof. Dr. Avelino Jesus Costa que refere o nome primitivo e que consta no Censual do século XI, de Sancto Juliano de Palácios (1958. 76). Liber Fidei menciona ainda São Julião de Paços, também chamada São Julião de Sequeira em 1018.
Em 1045, localiza-se o lugar da Serra que, juntamente com o lugar do Ferreiro, (hoje lugar da Machada), formavam a extinta paróquia de São Tomé, anexada à de São Julião de Paços, no ano de 1442, conforme pesquisa do historiador Senhor Padre Dr. António Franquelim S. Neiva Soares, que amavelmente a nosso pedido,graciosamente e de forma empenhada e exaustiva, esmiuçou tudo o que se tornou possível saber sobre São Julião de Paços e a sua origem!
Através dele soubemos que a capela se São Tomé da Serra, foi demolida no ano de 1886, sendo aproveitadas as pedras para a construção da actual sacristia da igreja paroquial.
Nos terrenos da antiga capela de São Tomé, em 26 de Março de 1979, foi encontrada uma necrópole cristã, onde apareceu uma tampa sepulcral com a inscrição terminada em "IN E (RA) MLXXV, equivalente a 1047. Foi colocada junto da igreja paroquial, onde se encontra. .
Com as inquirições de Afonso II, a extensão territorial do seu domínio, consta entre as vinte e cinco freguesias, como São Julião de Sequeira.
A nível administrativo, São Julião de Paços passou para o concelho de Braga em Outubro de 1853.
Importa referir que em nenhum documento foi encontrado o nome PaSSos, mas sempre PaÇos, impondo-se a necessária rectificação, para ficar compatível com a história.

O texto supra, não passa dum resumo histórico dos primórdios desta linda terra de São Julião de Paços, que se deve ir preparando para, no ano 2018, com toda a solenidade possível, festejar um milénio de existência!
Obviamente que nestes quase mil anos, muitas e muitas coisas aconteceram, dignas de registo, mas que se foram perdendo no tempo.
Quantas gerações terão vivido nesta terra num milénio?! Quantos filhos desta terra contribuíram com o seu trabalho, o seu saber e a sua dedicação para que hoje tivessemos as condições de que desfrutamos?!
Os livros não nos relatam muito desse passado mais distante! O saber, passava pela tradição e de pais para filhos .
No meu tempo de criança, como era agradável, depois da ceia, ouvir os mais velhos contar lindas histórias e lendas junto da lareira ao pé da fogueira! Nada escapava aos mais novos que gravavam tudo na memória, para depois serem eles que transmitiam aos vindouros.
As histórias começavam quase sempre: contava o meu avozinho que em tal sítio, em tal terra ou lugar, passou-se isto e aquilo.....-! Muitas histórias, contos, lendas e mais lendas!!! Tudo mudou! Que pena!
Hoje já não existem condições para essas conversas ao pé da fogueira! O progresso traz consigo coisas muito boas, mas destrói riquezas que nada as podem compensar!
Com as televisões permanentemente ligadas e outras ocupações, como se pode arranjar tempo para reunir as pessoas proporcionando o diálogo?
Ainda bem que as novas tecnologias facilitam para que no futuro possamos ter alguns registos do pouco que nos foi possível aprender dos antigos. Daí ser importante que haja alguém que, junto dos mais idosos, pesquise o mais possível dessas memórias e as registe, para que não se verifique uma maior perda de tão interessante saber acumulado, vivido pelos nossos antepassados.




Manuel Rodrigues, Agosto de 2008