terça-feira, 26 de agosto de 2008

São Julião de Paços - Histórico

A freguesia de São Julião de Paços, tal como hoje existe, é o resultado da sua fusão com São Tomé da Serra, também denominada de São Veríssimo de Quintanela .
Pinho Leal no seu “Portugal Antigo e Moderno”, classifica-a como “uma das mais antigas freguesias do Minho”, situada abaixo do Monte de Bastucio/Bastuço e na encosta do rio Laviorto/Labriosque.
A documentação mais antiga sobre São Julião de Paços, aparece sobretudo no Liber Fidei, estudado superiormente pelo prof. Dr. Avelino Jesus Costa que refere o nome primitivo e que consta no Censual do século XI, de Sancto Juliano de Palácios (1958. 76). Liber Fidei menciona ainda São Julião de Paços, também chamada São Julião de Sequeira em 1018.
Em 1045, localiza-se o lugar da Serra que, juntamente com o lugar do Ferreiro, (hoje lugar da Machada), formavam a extinta paróquia de São Tomé, anexada à de São Julião de Paços, no ano de 1442, conforme pesquisa do historiador Senhor Padre Dr. António Franquelim S. Neiva Soares, que amavelmente a nosso pedido,graciosamente e de forma empenhada e exaustiva, esmiuçou tudo o que se tornou possível saber sobre São Julião de Paços e a sua origem!
Através dele soubemos que a capela se São Tomé da Serra, foi demolida no ano de 1886, sendo aproveitadas as pedras para a construção da actual sacristia da igreja paroquial.
Nos terrenos da antiga capela de São Tomé, em 26 de Março de 1979, foi encontrada uma necrópole cristã, onde apareceu uma tampa sepulcral com a inscrição terminada em "IN E (RA) MLXXV, equivalente a 1047. Foi colocada junto da igreja paroquial, onde se encontra. .
Com as inquirições de Afonso II, a extensão territorial do seu domínio, consta entre as vinte e cinco freguesias, como São Julião de Sequeira.
A nível administrativo, São Julião de Paços passou para o concelho de Braga em Outubro de 1853.
Importa referir que em nenhum documento foi encontrado o nome PaSSos, mas sempre PaÇos, impondo-se a necessária rectificação, para ficar compatível com a história.

O texto supra, não passa dum resumo histórico dos primórdios desta linda terra de São Julião de Paços, que se deve ir preparando para, no ano 2018, com toda a solenidade possível, festejar um milénio de existência!
Obviamente que nestes quase mil anos, muitas e muitas coisas aconteceram, dignas de registo, mas que se foram perdendo no tempo.
Quantas gerações terão vivido nesta terra num milénio?! Quantos filhos desta terra contribuíram com o seu trabalho, o seu saber e a sua dedicação para que hoje tivessemos as condições de que desfrutamos?!
Os livros não nos relatam muito desse passado mais distante! O saber, passava pela tradição e de pais para filhos .
No meu tempo de criança, como era agradável, depois da ceia, ouvir os mais velhos contar lindas histórias e lendas junto da lareira ao pé da fogueira! Nada escapava aos mais novos que gravavam tudo na memória, para depois serem eles que transmitiam aos vindouros.
As histórias começavam quase sempre: contava o meu avozinho que em tal sítio, em tal terra ou lugar, passou-se isto e aquilo.....-! Muitas histórias, contos, lendas e mais lendas!!! Tudo mudou! Que pena!
Hoje já não existem condições para essas conversas ao pé da fogueira! O progresso traz consigo coisas muito boas, mas destrói riquezas que nada as podem compensar!
Com as televisões permanentemente ligadas e outras ocupações, como se pode arranjar tempo para reunir as pessoas proporcionando o diálogo?
Ainda bem que as novas tecnologias facilitam para que no futuro possamos ter alguns registos do pouco que nos foi possível aprender dos antigos. Daí ser importante que haja alguém que, junto dos mais idosos, pesquise o mais possível dessas memórias e as registe, para que não se verifique uma maior perda de tão interessante saber acumulado, vivido pelos nossos antepassados.




Manuel Rodrigues, Agosto de 2008

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