quinta-feira, 26 de junho de 2008

Futebol - São Julião e os seus craques

Todos sabemos que o futebol, é um desporto que entusiasma, onde quer que seja praticado. Desde que foi inventado, nos fins do século XIX, em Liverpool, na Inglaterra, nunca mais parou de evoluir, ao ponto de se tornar no fenómeno que mais dinamiza todos os sectores e camadas sociais do mundo inteiro!
Pode ser jogado em grandes estádios, como em qualquer pequeno espaço; com dois grupos de onze contra onze, ou em grupos mais reduzidos; num rectângulo normal, ou num espaço mais pequeno; com balizas normais, ou outras marcas que as defina; uma bola melhor, ou de pior qualidade. Tudo serve para pôr a correr uns contra os outros, à procura do golo, que leve à vitória!
Recordo os tempos da minha infância e juventude, quando o “estádio” de São Julião era o largo do cruzeiro. As balizas, duas pedras de cada lado; A bola, feita de trapos ou com pelos de palmeira, que até pinchava, e já era coisa muito boa! Raramente havia bola de borracha e muito menos de capão, as mais parecidas com as bolas com que se joga hoje. Nesta terra não havia chuteiras! Os futebolistas, jogavam descalços, de chancas ou de sapatos, porque sapatilhas também não as havia. Muita luta, isso sim, até de mais. Quando surgiam discussões sobre os lances duvidosos, (não havia arbitro), eram por vezes de tal forma acesas, que só terminavam em pancadaria. Mas era engraçado! No fim, tudo acabava em bem, todos ficavam amigos.
Quem não gostava nada dos jogos, era o dono da mercearia, com as portas da casa ali ao pé das balizas! A bola, rematada com força, muitas vezes estilhaçava-lhe os vidros, o que não era nada agradável, temos que admitir! Quem também não gostava, era o tio Júlio Ribeiro. Detestava que a bola fosse parar ao seu quintal, ali por cima da outra baliza. Um forte chuto, atirava a bola lá para dentro do campo. Para ir lá buscá-la, os rapazes saltavam o muro, mas, para poderem trepar, tiravam pedras mais pequenas da parede, para poderem meter os pés para subir. Já dentro do campo, à procura da bola, era o cabo dos trabalhos. Davam-lhe cabo das culturas. Por tudo isso, as bolas que ele pudesse lá apanhar, era certo e sabido que ninguém mais as via!
São Julião, teve nesse tempo do pé descalço, uma boa equipa de futebol, que quase sempre levava a melhor, sobre as congéneres das freguesias vizinhas. Quase sempre ganhavam!
Foi nestas fracas condições desportivas, que surgiram alguns craques em São Julião. De destacar dois campeões nacionais do futebol júnior: O Martins, campeão de juniores e o marcador do golo que deu o único título ao Braga até hoje, e Duarte Rocha, guarda redes suplente!
Do mesmo tempo é o Rochinha, que fez parte da equipa principal do Braga, na 1ª divisão, e ao serviço do Gil Vicente!
Tal como outros, começaram estes jovens na nossa terra a mostrar as suas habilidades. Daqui, partiram e se destacaram, nas décadas de 70/80!
São Julião de Passos dispõe hoje dum complexo, com boas condições para a prática desportiva, concretamente para o futebol de salão (futsal), e outras modalidades que, em meu entender, está a ser muito mal aproveitado! Nada justifica a passividade de quem tem o dever de rentabilizar o investimento feito! É caso para dizer: naquele tempo, havia nozes mas não havia dentes. Hoje há nozes e há dentes, falta só quem dinamize! Se no passado tivéssemos tido as condições de que agora temos, talvez tivessem surgido outros campeões, de que hoje mais ainda nos orgulharíamos!
Manuel Rodrigues, Junho/2008

2 comentários:

Armanda Cunha disse...

Jogadores não faltam... E alguns com um grande talento. Mas é como Você diz: "Falta só quem dinamize!"

Rocha disse...

Li o seu blogue e queria endereçar-lhe os parabens pelo trabalho realizado. So queria corrigir um pequeno lapso, nada de importancia, mas serve para repor a verdade. Eu nao fui campeao de juniores pelo S.C.Braga. Eu fui senior do Clube e foi nessa condiçao que participei de uma forma decisiva na subida do S.C.Braga à 1ªdivisao do campeonato nacional (época 75/76). Alias participei em quase todos os jogos marcando varios golos decisivos. Quero recordar-lhe que tambem participei em varios jogos na 1ª divisao. Mais uma vez parabens pela iniciativa. A.Rocha (Rochinha)